Transição Demográfica
A transição demográfica é um modelo de leitura das grandes transformações demográficas que ocorreram ou que estão a ocorrer na época contemporânea. Começou por ser um modelo interpretativo das transformações demográficas da Europa mas rapidamente adquiriu uma vocação planetária. Apesar de existirem variantes interessantes de autor para autor e de existirem algumas críticas a determinados aspectos da teoria (sobretudo quando esta é formulada numa linguagem muito dogmática e detalhada) a transição demográfica é considerada como um dos modelos interpretativos mais importantes da Demografia.
Segunda a teoria da transição demográfica todos os paises já passaram ou terão de passar por quatro fases de evolução:
- Fase do «quase-equilibrio» antigo (ou de pré-transição) entre uma mortalidade elevada e uma fecundidade igualmente elevada o que implica um crescimento natural da população reduzido;
- Fase do declínio da mortalidade e da consequente aceleração do crescimento natural da população;
- Fase do declinio da fecundidade; a mortalidade continua a declinar embora a um ritmo mais moderado e o crescimento natural da população diminuiu de intensidade;
- Fase do «quase-equilibrio» moderno entre uma mortalidade com baixos níveis e uma fecundidade igualmente baixa; o crescimento natural da população tende para zero.
A totalidade dos países desenvolvidos encontra-se na última fase da transição demográfica e em alguns países desenvolvidos até já se entrou numa fase a que se começou a chamar de pós-transição devido ao fato de o seu nível de fecundidade não garantir a substituição das gerações e de o número de óbitos ser superior ao de nascimentos. Todos os países do mundo já passaram pela segunda fase (declínio da mortalidade) e quase todos já chegaram à terceira fase (declínio da fecundidade).
Através da teoria da transição demográfica podemos provar a existência dos efeitos da modernização nos comportamentos demográficos. A revolução sanitária fez com que no mundo, nos anos 90, não existissem praticamente países com uma esperança de vida de 50 anos de idade. Os poucos países que encontram-se nessa situaçao localizam-se todos à África Subsaariana. A revolução contraceptiva fez também generalizar a ideia que um baixo nível de fecunidade é um símbolo de modernidade, seja à escala de um país seja à microescala dos indivíduos e dos casais. Segundo as Nações Unidas, apesar das consequências demográficas dos intensos ritmos de crescimento populacional das últimas décadas, é possível perceber um cenário de estabilização da população à volta de 8 a 9 bilhões de habitantes no nosso planeta em meados do século XXI ,em vez dos catastrofistas 12 bilhões admitidos em cenários anteriores.
Fonte: Nazareth, J.M.; Introdução à Demografia, Ed. Presença. 1996 (adaptado).
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