Geografia das religiões
Vamos analisar a difusão e a
distribuição geográfica das principais religiões do mundo, em destaque para o
caso das três principais religiões monoteístas (crença em um só Deus):
cristianismo, islamismo e judaísmo. Compreender melhor o espaço mundial por
intermédio de um de seus elementos essenciais, a religiosidade e as religiões,
poderá contribuir para um melhor entendimento acerca do dinamismo, complexidade
e pluralidade do espaço geográfico mundial. É importante estudar a Geografia
das religiões, diante de fatos e acontecimentos do mundo contemporâneo: a
intolerância religiosa que é noticiada em jornais, revistas, televisão e outros
meios de comunicação. Levantaremos aspectos importantes, como origens, difusão,
distribuição geográfica e contingente populacional, as principais rotas de
dispersão das religiões (o que nem todos os mapas apresentam, principalmente se
as difusões são em menor amplitude), como por exemplo, os adeptos ou grupos de
fiéis do budismo e do islamismo no Brasil e as diásporas (dispersão de povos em
virtude de perseguição de grupos intolerantes) judaicas.
Os espaços das religiões são parte
integrante da totalidade do espaço geográfico mundial. Cada uma das religiões
possui uma dinâmica histórica e uma dimensão geográfica, por exemplo, população
e território.
Diversidade do cristianismo
Atualmente, ele é praticado por pelo
menos um terço da população mundial (mais de dois bilhões de seguidores), o que
faz desta religião a maior do mundo em número de fiéis, apresentado no gráfico
“Os 10 primeiros países cristãos, 2005” na página 15 no caderno do aluno. O
cristianismo é uma religião surgida na Palestina, no primeiro século depois de
Cristo e cujos alicerces são baseados nos ensinamentos de Jesus Cristo (4 a.C.
– 29 d.C.). No entanto, dois mil anos depois de seu nascimento, o mundo
experimenta várias formas de cristianismo, divididas em diferentes
denominações. A maior divisão existe entre ortodoxos – também conhecidos como
cristãos do Oriente – e os cristãos do Ocidente que, por sua vez, também se
subdividiram entre cristãos católicos e protestantes.
Para termos
uma melhor compreensão sobre o início do cristianismo, apresento um artigo do
historiador Neles Maia da Silva, sobre as relações de poder entre a Igreja e
Império Romano.
Relações de Poder entre a Igreja
e o Império Romano: Divisões Doutrinárias e Movimentos Heréticos nos Primeiros
Séculos do Cristianismo (I-IV)
O cristianismo nem sempre fora a religião unificada
como é na atualidade. Unificada não no sentindo de haver concordância em dogmas,
crenças e liturgias, pois temos a consciência que dentro do Cristianismo
existem várias ramificações que mudam de acordo com suas concepções de
doutrinas, tradições e costumes. O catolicismo ortodoxo, por exemplo, não é o
mesmo que o catolicismo romano e nem igual ao protestantismo, até porque dessas
três ramificações mais gerais derivam outras muitas das quais não é nosso
intuito tratar nessa análise. Mas o que de fato não queremos deixar passar
despercebido é que a religião cristã como um todo, como o próprio nome sugere,
são todas as que aderem, adotam ou professam a Cristo. Esse é o principal fator
pelo qual podemos dizer que o Cristianismo é unificado. Claro que existem
muitas concepções de acordo com cada crença e basicamente essas tantas ramificações
menores que surgiram não concordam em tudo. Daí o fato de haverem divisões e
fundações de novas instituições religiosas com tanta freqüência. Mas todas
professam o nome de Jesus Cristo em suas doutrinas e crenças. É um dos
elementos básicos que as diferenciam de outras como o judaísmo, budismo,
xintoísmo, confucionismo, islamismo (nesse caso boa parte dos islâmicos aceitam
a Jesus apenas como um profeta, mas não como filho de Deus) e outras mais.
E para compreendermos a importância que essas divisões
têm dentro do cristianismo e o papel que os próprios clérigos (através das
heresias) tiveram para que se consolidassem, a priori, as reformas internas no
seio da própria Igreja na Idade Média (quando começaram a surgir novos
questionamentos em relação às doutrinas e a tentativa de consenso nos
concílios) para que mais a frente culminasse com as reformas protestantes (com
Martinho Lutero e João Calvino), queremos nos reportar aos primeiros séculos do
desenvolvimento e dos problemas doutrinários do cristianismo, da instituição da
Igreja que passou a ser a representação do poder de Deus na terra e a
consolidação de um clero hierárquico que teve fundamental importância para o
advento das reformas que se deram não só no fim da Idade Média, mas também
durante todo seu processo temporal. E com isso compreenderemos que o
cristianismo possui várias faces em se tratando de questões doutrinárias e
litúrgicas que não existem apenas na contemporaneidade, mas que são vigentes
desde os primórdios.
O
Cristianismo nos primeiros séculos
Segundo a tradição cristã dos evangelhos do Novo
Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João) os cristãos primitivos (compreendendo
que os mesmos ainda não se entendiam como cristãos da forma como conhecemos
hoje, até porque essa denominação só fora outorgada mais tarde), não se reuniam
em locais fechados para o ensino das doutrinas de Jesus Cristo, pois eram
seguidores do mesmo que como pregador itinerante não tinha local fixo para as
reuniões. Apesar de que sendo Jesus de origem judaica participava das reuniões
nas sinagogas (Mc 1.21,23 e 29). As reuniões fixas só foram organizadas pelos
apóstolos nas casas dos fiéis que haviam se convertido somente após a morte de
Jesus. Os apóstolos, por exemplo, se reuniram no cenáculo em Jerusalém esperando
a descida do Espírito Santo para que pudessem receber autoridade e ousadia na
pregação dos ensinamentos de Jesus (At 1.4). E tanto os apóstolos quanto os
novos convertidos ainda não tinham essa noção de Igreja bem definida como
entendemos atualmente, pois se entendiam como eclesia, ou seja, reunião
de pessoas. Essa idéia de Igreja só se formara a partir de sua
institucionalização, ou seja, quando as reuniões simples dos cristãos tomaram
uma dimensão maior exigindo uma organização mais complexa.
O crescimento e a difusão das doutrinas de Cristo pelos
apóstolos e pelos novos convertidos se deram em todas as províncias de Israel e
se expandiu até os confins da terra At (1.8), ou seja, em boa parte do
mundo conhecido daquele período, principalmente com o apóstolo Paulo de Tarso
que com suas viagens missionárias chegava às cidades mais importantes como:
Antioquia (a qual se tornara mais tarde um dos cinco patriarcados), Éfeso (a
qual Paulo escrevera a epístola aos efésios) e também a Roma (que também se
tornaria mais tarde um patriarcado e a qual Paulo também dedicara uma
epístola). Até então o cristianismo era um movimento religioso marginalizado e
bastante perseguido (pelos judeus principalmente), pois tal movimento se
alastrara por todo o Israel e contradiziam muitas das crenças judaicas como o
não cumprimento do descanso nos sábados e a existência do Filho de Deus.
O
problema das doutrinas
Sendo o Cristianismo uma religião nova em relação às
outras, como o judaísmo, por exemplo, desencadearam-se vários problemas para
que se estabilizasse como uma religião com bases e crenças bem definidas, ou
seja, a ortodoxia. Até porque os ensinamentos de Jesus eram difíceis de
entender por natureza, pois o mesmo se utilizava de muitas metáforas e
parábolas quando pregava (Mc 4. 33,34), e tais ensinamentos só foram
compreendidos e/ou mais claramente ensinados pelos discípulos e apóstolos após
a sua morte. E as questões que não estavam claras foram alvo de muitas
discussões e variedades de caminhos seguidos em relação ao cristianismo (nesse
sentido é bom que deixemos claro que não houve uma única forma de ensinar e de
se entender os ensinamentos de Jesus e houve a necessidade dos próprios
apóstolos e discípulos estabelecerem dogmas e ensinamentos que não foram deixados
pelo seu mestre). Daí a necessidade que estes tiveram de escrever os evangelhos
como: Mateus, Marcos, Lucas e João; Atos dos Apóstolos e as epístolas no caso
de outros discípulos e Paulo de Tarso, respectivamente; e ainda os considerados
apócrifos (os livros que não são considerados canônicos) pelos concílios como:
os evangelhos de Judas, Maria Madalena e outros.
O grande problema aqui não é discutir quais são ou não os
evangelhos que são divinamente inspirados ou canônicos, mas a discussão
que houve em torno das doutrinas fundamentais para a Igreja. Pois sendo a
Igreja a representação de Deus na terra e ainda considerada a representação do
próprio Império Romano a partir do século IV d.C, pois como diz o célebre
provérbio: ubi ecclesia, ibi Roma, isto é, onde está a Igreja, está
Roma, não poderia se mostrar fragmentada diante dos cidadãos romanos e nem do
mundo. E de fato passaram a instituir (não de forma uniforme, pois como veremos
havia muitas divergências) um corpo de doutrinas que são bases e pilares da
Igreja tais como: a doutrina da santíssima Trindade (sendo um só Deus em três
pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo), a doutrina da deidade de Jesus (tendo
uma natureza divina e outra humana, Jesus teria encarnado como verbo divino (Jo
1.1), mas era o Filho de Deus), a virgindade de Maria (sendo Maria a mãe de
Jesus, o Filho de Deus esta não poderia tê-lo concebido em pecado e, portanto,
teria o gerado ainda virgem) e outras em relação a vários dogmas.
É por esse motivo que muitos autores preferem usar o
termo cristianismo no plural, como diz Chevitarese: Por cristianismos,
enfatiza-se também que desde as suas origens mais remotas, ainda nas primeiras
gerações de cristãos, para além de alguns consensos, houve uma polissemia sobre
o que disse e o que não disse Jesus (CHEVITARESE, 2011:9). O autor entende não
como um cristianismo uno, como se não houvesse discordância de idéias e
pensamentos entre os cristãos. Até porque como não havia um controle geral por
parte da Igreja (que antes do século IV nem mesmo existia de forma
institucionalizada) e por falta de estrutura organizada, as doutrinas poderiam
ser pregadas e difundidas de acordo com as concepções dos líderes religiosos em
cada região. É como nos exemplifica Frangiotti: Tomemos, por exemplo, a situação
da comunidade de Corinto, retratada num dos documentos mais antigos, escrito no
ano de 56: a comunidade estava dividida; grupos brigavam entre si reivindicando
cada um a supremacia da qual pertença a este ou aquele apóstolo (eu sou de
Pedro, eu sou de Paulo...); escândalos envergonhavam a comunidade...
desorganização e desordem nas assembléias litúrgicas nas quais se refletem as
divisões de classes sociais (FRANGIOTTI, 1995:8). Como não havia tal
organização, além de problemas de outras ordens, foram difundidas formas
diferentes de se pensar e de crer nas doutrinas. Paulo, por exemplo, preocupado
com a desintegração de muitas doutrinas apostólicas, escreve várias epístolas
para os cristãos que visitara em diversas cidades, nas quais passara durante suas
viagens missionárias. E o apóstolo chama de evangelhos estranhos, ou seja,
não ortodoxos (Gl 1.6,8) esses ensinamentos que contrariavam a ortodoxia
apostólica. É interessante observar nesta questão que, apesar de nos primórdios
do cristianismo não existir um corpo de doutrinas formadas e bem estabelecidas,
já existiam vários debates em torno de elementos dessa ortodoxia que estava a
se formar e que já existia uma ortodoxia mais aceita que outras. Ou seja, uma
ortodoxia que fora eleita por aqueles autores que justamente foram escolhidos
posteriormente como parte desta tradição dita ortodoxa.
Essas questões doutrinárias começaram a dar lugar ao
surgimento das heresias, pois com a separação entre o que é ortodoxia e o que
não é, naturalmente se define o que é aceito como certo, mas também se mostra o
que é errado, ou seja, neste último caso são as chamadas heresias (que se
caracteriza como desvio da fé, crença contraria a ortodoxia apostólica, ensino
desviante). O que levou a realização de reuniões para que se definisse e se
resolvesse esses problemas tanto de ordem disciplinar como doutrinária,
conhecidas como concílios sendo o primeiro deles o Concílio de Jerusalém.
Essa primeira tentativa de resolver tais questões se dera em torno de problemas
como: a organização da liturgia das reuniões e dos cultos, os conflitos entre
os cristãos de origem judaica e os de origem grega. Por exemplo, na passagem do
livro de Atos 15 1-5 diz: Chegaram alguns homens da Judéia e doutrinavam
os irmãos de Antioquia, dizendo: Se vocês não forem circuncidados como ordenou
Moisés na Lei, vocês não poderão ser salvos. Os cristãos judeus que ainda
tinham ligações com as práticas judaicas queriam que os gregos fossem
circuncidados. Ou seja, tais fatos geraram diversas discussões entre o que é ou
não parte do cristianismo.
Mas essas questões gerariam mais tarde (quando a Igreja
fosse de fato instituída como religião oficial) heresias bem mais problemáticas
para a religião Cristã como, por exemplo: o donatismo, que se opunha radicalmente
à relação da Igreja com o Estado; o arianismo que se resumia na pureza de Deus,
ou seja, sendo Deus um ser supremo e não possuindo matéria corporal não poderia
gerar um filho, nem ser dividido e, portanto Jesus era apenas um subordinado de
Deus e não seu filho, daí muitos dizerem ser ele um subordinacionista; o
nestorianismo, que pregava a existência de duas naturezas de Jesus - uma humana
e outra divina. Frangiotti ressalta isso muito bem ao dizer a respeito da
doutrina de Nestório: Existem, portanto, duas filiações (em Jesus): uma
natural, contingente, nascida de Maria; e outra divina, sobrenatural, gerada
por Deus. Entre as duas naturezas, não existe união intrínseca, hipostática,
mas apenas união moral. Desse modo Jesus de Nazaré não deve ser chamado Deus,
visto que é apenas um homem em que habita o Logos divino, ou melhor, em que
coabita uma pessoa divina, a do filho de Deus. Sendo assim, Maria não é mãe de
Deus (theótokos), mas mãe do homem Jesus de Nazaré, isto é, (christotókos).
Negava dessa forma, a união hipostática substancial e a unicidade de pessoa em
Cristo (FRANGIOTTI, 1995:128). Além dessas ainda existiam outras heresias que
foram alvos de debates nos concílios como: pelagismo, monofisismo, monotelismo
e etc.
Cristianismo
marginalizado e ascensão
Mesmo com a propagação dos ensinamentos de Cristo nos
primeiros séculos o cristianismo passara a ser uma religião marginalizada (por
vários fatores que não queremos entrar em detalhes nesta análise). Nesse
sentido, o que interessa ressaltar é que as perseguições, os martírios, tanto
por parte dos judeus como dos próprios romanos (principalmente estes últimos
com vários imperadores que levavam os cristãos para enfrentarem os leões no
Coliseu, por exemplo), fizeram da religião cristã uma religião que se
desenvolveu não em todos os lugares, mas em uma boa parte, como religião
ilícita.
Mas a partir do século IV d.C tal situação começa a mudar
com a ascensão de Constantino, sobretudo através de suas conquistas pautadas
sob o símbolo da cruz de Cristo, como Eusébio diz em Vita Contantine:
neste sinal vencerás (EUSÉBIO apud STOCKMEIER, 2006:52), referindo-se a
cruz de Cristo que aparecera no céu em uma visão que Constantino tivera. Pouco
depois o cristianismo conquistara o direito de liberdade de culto (Edito de
Milão, promulgado pelos Augustos Constantino e Licínio em 313) e as
perseguições e os martírios que eram constantes antes deste edito cessaram (até
porque Augusto Galério já havia promulgado o Edito de Tolerância em 311). Além
de conceder essa liberdade de escolha dentro do Império Romano o Edito de Milão
ordenava a devolução de terras e locais de reuniões aos cristãos:
Assim temos tomado esta saudável e retíssima
determinação de que a ninguém seja negada a faculdade de seguir livremente a
religião que tenha escolhido para seu espírito, seja a cristã ou qualquer outra
que achar mais conveniente... E, além disso, no que diz respeito aos cristãos,
decidimos que lhes sejam devolvidos os locais onde anteriormente se reuniam,
sejam eles propriedade do nosso fisco, ou tenham sido comprados por
particulares, e que os cristãos não tenham de pagar por eles nenhuma classe de
indenização [...] (EDITO DE MILÃO apud PEDRERO-SÁNCHEZ, 2000:27-28)
Vale ressaltar que mesmo após esses dois documentos se oficializarem
e proibirem as religiões consideradas pagãs (termo que fora criado pelos
próprios cristãos para designar todos que não eram cristãos, talvez seguindo
aquela mesma visão egocêntrica e exclusivista romana de que bárbaros eram todos
que não eram romanos e, portanto, pagãos eram todos aqueles que não eram
cristãos), tais não foram abolidas do Império como muitos alegam, pois essas
religiões ou essas práticas religiosas (já que não eram uma religião definida)
não foram destituídas e ainda existiam muitos cultos, ritos e cerimônias pagãs.
Como nos mostra Stockmeier e B. Bauer em relação às ações de Constantino quando
o mesmo não fora ao Capitólio demonstrando um rompimento com seus antecessores
(que eram pagãos): [...] Essa demonstração não visava por enquanto a
nenhuma medida restritiva contra os cultos pagãos; seus sacerdotes podiam
continuar cumprindo as cerimônias sacrificais [...] (STOCKMEIER, 2006:53).
Outro fator que não poderíamos deixar de citar era que a
elite romana já tinha uma tradição pagã, na qual se venerava vários
deuses, tais como: Apolo, Júpiter, Baco entre outros. E de fato o próprio
Constantino não poderia perder o apoio dessas pessoas, pois esse rompimento
significaria em curto prazo um insucesso de sua campanha política. Daí essa
justificativa de liberdade de culto aos cristãos, mas não de abolição do
paganismo.
Também outro documento importante para os cristãos fora o
Edito de Tessalônica (380), no qual Graciano, Valentiniano e Teodósio Augustos
oficializam na cidade de Constantinopla o cristianismo como religião oficial do
Império Romano. E passam a reconhecer e a tratar outras práticas e religiões
que não sejam cristãs como movimentos heréticos e, portanto, digna da punição
tanto divina quanto do próprio Império. E com a promulgação destes dois
documentos a religião cristã deixa de ser uma escória no meio social e se torna
a religio licita, ou seja, a religião oficial do Estado. Sendo assim, só
a partir de uma estruturação do Cristianismo dentro do Império e da simbiose
entre o mesmo na figura da Igreja e o Estado é que a religio licita passar
a de fato ser oficial (ainda que as práticas pagãs continuassem, mas com a
diferença de que agora eram proibidas, pois se contrapunham a religião
oficial).
Com a adesão do Império e do próprio Constantino à
religião cristã (questão polêmica, pois uns defendem que Constantino se
converteu no sentido bíblico da palavra a Cristo e outros que era uma
estratégia política para que o Império se tornasse unificado e centralizado) a
Igreja e o Estado iniciam uma relação estreita a ponto de muitas vezes se
confundirem entre si. Ou seja, como Constantino passa a dar privilégios
políticos, terras, isenção de impostos ao clero, o mesmo também ganhara o apoio
da Igreja no sentido de legitimá-lo como Imperador e de o reconhecerem como
autoridade divinamente constituída (Rm 13.1-7), além de poder interferir
diretamente em questões doutrinárias, sendo o próprio Imperador que convocara e
presidira o concílio de Nicéia. Uma verdadeira relação de trocas que ocorria,
sendo que nesse primeiro momento dessa relação Igreja-Estado este ultimo se
beneficiou muito mais, pelo fato exercer um poder maior que o dos clérigos*.
Tanto é assim que Constantino se tornara o Pontifex Maximus, ou seja, a
autoridade máxima da Igreja.
Uma conseqüência dessa ralação entre o Estado e a Igreja
fora a ortodoxia que teve que ser estabelecida de fato, em minha opinião muito
mais por questões políticas que propriamente religiosas, pois como já dissera
antes para que o Estado detivesse o poder centralizado deveria haver uma
unificação também religiosa. E esse fato só se deu quando a simbiose entre a
Igreja e o Estado se consolidava, o que gerou essa necessidade de uma
unificação do corpo doutrinário para que quanto mais estivesse unificada a
Igreja também estivesse o Estado. Claro que não porque o Imperador passara a
dar preferência aos cristãos ao invés das outras religiões, simplesmente porque
o mesmo simpatizara com as doutrinas cristãs. E aí entra outra questão em torno
da qual giram diversos debates. O que levara o Imperador Constantino a aderir e
oficializar a religião cristã como a religio licita de Roma? Integrantes
clérigos como Eusébio de Cesárea e Santo Agostino afirmaram explicitamente que
Constantino era um escolhido de Deus e sua autoridade fora outorgada por Ele e
que o mesmo se convertera de coração ao cristianismo.
Em contrapartida é difícil crer que historicamente esse
seja o motivo principal para tal reviravolta. Essa opção pelo Cristianismo
era a estratégia política de Constantino, ou seja, a unificação do Império
dependia também de uma religião unificada (fato que só poderia ocorrer se
houvesse concordância doutrinária entre os cristãos) e talvez naquele contexto
Constantino vira na religião cristã essa possibilidade de moldá-la de acordo
com seus interesses. Stockmeier e Bauer enfatizam isso quando se referem ao
Edito de Milão: O acordo de Milão tem obviamente o carimbo da vontade
constantiniana de moldar o cristianismo, conforme a mentalidade antiga, como
garantia do bem público, em combinação com sua política imperial (STOCKMEIER,
2006:53).
Entendendo sob um aspecto lógico podemos compreender que
Constantino almejava um Estado unificado para facilitar sua vida como
Imperador, pois sendo assim seria muito mais viável o controle do Império
Romano. Nesse sentido podemos compreender que uma Igreja unificada e sem
divisões internas (além de usar artifícios e argumentos religiosos para cativar
seus fiéis em torno da figura do Imperador) não correria o risco de desenvolver
oposições ao Imperador. O que ocorreu através de um bispo chamado Donato, na
Igreja da África. Dentre as muitas heresias que se estabeleceram (tais como:
arianismo, cecilianismo, pelagismo, monofisismo, nestorianismo e etc.), esta
fora a única que não debatia apenas questões doutrinárias, mas também a própria
relação da Igreja com o Estado, ou seja, sendo o donatismo uma corrente de
pensamento que defende a pureza da Igreja (e por isso criticava a Igreja do
Ocidente), a mesma não deveria se macular. Uma prova disso fora a celebre
interrogação feita por Donato em Cartago aos funcionários imperiais: Quid et
imperatori cum ecclesia?.
Outro fator que podemos anexar a esse debate é a novidade
da religião cristã, que em comparação com as outras era relativamente mais nova
e ainda não possuía uma estrutura tão definida e bases sólidas, ou seja, era
uma religião mais fácil de moldar segundo as concepções e os interesses do
Imperador. Não seria nada fácil, por exemplo, adotar o judaísmo como religião
oficial do Império Romano e moldá-la de acordo com interesses políticos, se
isso tivesse que mexer nas bases doutrinárias milenares dos judeus. Mas isso
nos leva a outra questão: Qual a necessidade que Constantino sentira de se
estabelecer uma religião oficial? Pelo simples fato de que a variedade de
religiões pagãs existentes dentro do Império gerava vários conflitos internos e
isso naturalmente prejudicava esse anseio de unificação. Daí Constantino querer
uma religião única para o seu Império, pois um reino dividido contra si
mesmo não poderá subsistir (Mc 3.24). E uma religião oficial única é muito mais
viável de se controlar.
Formação
do clero
Essa aproximação entre o Estado e a Igreja fora tão forte
que esta última assimilou o modelo hierárquico do Estado, pois tal como
existiam o Imperador, os senadores, os administradores e etc., também na Igreja
fora se formando uma hierarquia - o clero, que é um conjunto de pessoas que se
dedicam as atividades relacionadas à Igreja. Como existiam dois tipos de clero
precisamos diferenciá-los para que possamos compreender essa questão. Existia o
clero regular que eram os monges, palavra que vem do grego monakhos e
quer dizer solitário, que por influência de Antão, pai dos monges
iniciaram esse movimento de separação do mundo. A priori esse
movimento era caracterizado pelo fato do monge se isolar e viver sozinho, mas
devido aos problemas que se têm quando se isola de tudo e de todos tiveram que
repensar essa forma de viver separado solitariamente (eram os eremitas) e
outro monge, Pacômio, preferia viver separado em conjunto (os cenobitas)
com outros monges nos mosteiros. Esses monges passaram a se dedicar a viver em
solidão e retirados do mundo ou do século** para uma vida pautada na trilogia
monástica castidade, pobreza e obediência, pois os mesmos viviam
confinados nos mosteiros, que em sua maioria eram afastados das cidades e
predominavam no meio rural. Geralmente as abadias ou monastérios eram compostos
por monges de determinadas ordens como os beneditinos, por exemplo. Esses
monges elegiam dentre eles um monge para ser o abade que seria seu líder
espiritual. Também existiam cidades que comportavam um número considerável de
mosteiros como a imponente Constantinopla.
Outra parte era o clero secular, que eram os que de fato
faziam parte da hierarquia da Igreja no sentido de organização e instituição,
pois como a questão do papa como líder supremo não havia se consolidado nesse
período, os monastérios em sua maioria possuíam certa autonomia e não eram
estreitamente subordinados a Igreja, apesar de também não serem desligados da
mesma. Até porque os mesmos tiveram um papel fundamental para a expansão e
difusão do cristianismo, pois como a Igreja estava centralizada nas cidades os
mosteiros é que se encarregaram de levar as doutrinas para as áreas rurais, ou
seja, a expansão do cristianismo se dera em grande parte por causa dos
movimentos de evangelização que o monasticismo propiciou nos primórdios da
Igreja. O clero secular era dividido em províncias eclesiásticas onde o arcebispo
era a maior autoridade e os patriarcados tinham o bispo em suas dioceses
(existiam cinco patriarcados, os do Oriente: Antioquia, Alexandria, Jerusalém e
Constantinopla e o único patriarcado do Ocidente era Roma), e o pároco na
paróquia local.
Esses clérigos seculares estavam estreitamente ligados ao
Estado, sendo muitos encarregados de cargos importantes. É como nos diz Hilário
Franco Junior em relação à simbiose da Igreja com o Estado: [...] a
diocese clerical era, grosso modo, a diocese imperial; a província eclesiástica
correspondia à província civil o que induzia a ver no centro do Império o
centro da Igreja. (FRANCO JR, 2001:69). Essa relação entre a Igreja e o Estado,
como já vimos antes, acarretara uma necessidade de se estabelecer a ortodoxia bem
definida, por causa das muitas variações de ordem doutrinárias que existiam
dentro da religião cristã. Também não podemos esquecer que tanto os monges que
se dedicavam a estudar as sagradas escrituras quanto os clérigos seculares
foram fundamentais para o estabelecimento dessa ortodoxia, no sentido de serem
convergentes com a doutrina apostólica, mas também foram esses clérigos que
difundiram as várias heresias que já citamos. Ou seja, as reformas não só no
período de Lutero e Calvino, mas também no sentido das mudanças que ocorreram
nas crenças no contexto de toda a Idade Média, nas doutrinas e na própria
liturgia da Igreja, nasceram dentro do próprio cristianismo. Por exemplo:
Donato era um bispo da Igreja na África; Ário era discípulo de Luciano
bispo Antioquia, fundador da escola de teologia daquela cidade e mais tarde sacerdote
da igreja de Baucalis em Alexandria; Pelágio era um monge bretão que se
mudou para Roma; Nestório era um orador e teólogo que se formara em
Antioquia e Êutiques (monofisismo) era um monge de uma abadia de
Constantinopla. Todos eram clérigos, o que comprova que os movimentos heréticos
e desviantes da fé implantada pela Igreja nasceram em seu próprio seio. Além de
Lutero e Calvino que mais tarde desencadearam as Reformas protestantes.
Conclusão
O estudo desse recorte temporal dos primeiros séculos do
Cristianismo ou cristianismos (como muitos estudiosos preferem) nos mostrou
como essa religião tivera várias facetas em torno de suas questões
disciplinares e doutrinárias desde os primórdios, e também como esse processo
de consolidação da chamada ecclesia para uma instituição bem organizada
(em simbiose com o Estado) e com um corpo doutrinário marcado por vários
problemas, que se acentuaram ainda mais nos séculos seguintes ao qual nem fora
nosso alvo nesta análise (as reformas). Além disso, pudemos enfatizar e
compreender como essa relação Igreja-Estado (que fora fundamental para
afirmação do Cristianismo como religião oficial do Império Romano) levou a uma
relação de troca entre o clero e o poder imperial, produzindo a perseguição aos
movimentos heréticos, que seriam postos em debate a partir século V nos
concílios apesar de não termos entrado neste recorte.
Notas
*Essa relação entre Igreja e o Estado perpassa toda a
Idade Média. Esse confronto de poderes conhecido como Teoria dos dois Gládios,
ou seja, entre o poder temporal, que era o poder dos monarcas e imperadores
pautados em uma lógica passageira e, portanto inferior e o poder espiritual,
que era o poder dos clérigos e dos membros da Igreja baseados no espiritual, ou
seja, o poder de Deus e, portanto eterno e que deveria subordinar o poder
temporal. Essa lógica do pensamento dos bispos e do papa, sobretudo no Ocidente
no século VIII, servira de embasamento para a justificação da superioridade do
papa sobre o imperador. Apesar de que nesse momento era o poder temporal de
Constantino que sobrepujava o poder da Igreja.
** Esse termo século se refere ao mundo. Mundo não no
sentido de planeta, mas no sentido de mundo pecaminoso. Essa alusão se dá pelo
fato de que biblicamente o deus deste século é Satanás (2 Co 4.4), que o mundo
jaz no Maligno (1 Jo 5.19) e que aqueles que seguem a Jesus não devem amar o
mundo (1 Jo 2.15). Viver no mundo era como se afastar de Deus e por isso esses
monges preferiam viver isolados do século nos cenóbios para uma vida de retidão
espiritual.
Bibliografia:
Bíblia
de referências Thompson. São Paulo: Vida, 1998.
FRANGIOTTI,
Roque. História das Heresias séculos I-VII. Conflitos ideológicos dentro do
cristianismo. São Paulo: Paulus, 1995.
CHEVITARESE,
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PEDRERO-SÁNCHEZ,
Maria Guadalupe. EDITO DE MILÃO (313). História da Idade Média: textos e
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FRANCO
JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: Nascimento do Ocidente. 2ª Ed. São Paulo:
Brasiliense, 2001. p. 67-82.
STOCKMEIER, Peter; BAUER, Johannes B. Antiguidade.
In:__LENZENWEGER, Josef (et alli). História da Igreja Católica.
São Paulo: Loyola, 2006. p. 51-112
Islamismo, a segunda maior religião do mundo em
número de fiéis
O islamismo conta, atualmente, com
cerca de 1,3 bilhão de seguidores e foi fundado pelo profeta Maomé há 1400 anos
no território que hoje corresponde à Arábia Saudita. Logo atrás do
cristianismo, é a segunda maior religião do mundo em número de fiéis e vem apresentando
um crescimento expressivo de adeptos (cerca de 15% ao ano), sendo a que mais
cresce no mundo, como observamos nos mapas “Os muçulmanos, 2006” na página 16
do caderno do aluno. Os países, com as maiores populações islâmicas, se
encontram não somente no Oriente Médio, onde a religião surgiu, mas em outras
partes da Ásia e no Norte da África. O maior país islâmico do mundo é a
Indonésia, com 1700 milhões de muçulmanos, seguida pelo Paquistão (136
milhões), Bangladesh (105 milhões) e Índia (103 milhões).
Muçulmano é todo aquele que segue o
islamismo, uma religião monoteísta baseada no Corão ou Alcorão – o livro
sagrado do Islã, considerado como a palavra de Deus revelada a Maomé. Islã vem
do árabe e significa “submissão” (ao desejo e à orientação de Deus), tem suas
raízes etimológicas assentadas na idéia de salam (paz) e é utilizado para
designar o conjunto dos povos de civilização islâmica que professam o
islamismo. Os lugares e espaços considerados mais sagrados pelos muçulmanos são
as cidades de Meca, Medina e Jerusalém, todas localizadas no Oriente Médio.
Hajj é um
dos cinco pilares da fé islâmica, uma peregrinação que os muçulmanos fazem à
cidade de Meca pelo menos uma vez na vida. A Arábia Saudita estabelece cotas
para os países, delimitando o número de peregrinos autorizados a participar do
hajj. Do total de 2.378.636 peregrinos que participaram do hajj em 2006, 70%
eram estrangeiros, dos quais mais de um terço procedente do Sudeste Asiático.
Durante o hajj, os fiéis se dedicam inteiramente a Alá e cada peregrinação
costuma reunir, em Meca, cerca de dois milhões de muçulmanos de todo o mundo. O
alvo da peregrinação é a Caaba, uma construção em forma de cubo na qual se
reverencia um meteorito negro que fica no centro da grande mesquita em Meca.
Existem dois grupos de islâmicos, os sunitas que formam 90% de todos os
fiéis, e os xiitas, que são a maioria em países como o Irã e o Iraque. Não
podemos falar em um só mundo islâmico, assim como não existe um mundo cristão
homogêneo.
O islamismo (religião) não deve ser confundido ou associado diretamente
com o fundamentalismo islâmico, termo cunhado a partir do fim dos anos 1970, no
contexto da Revolução Islâmica. O fundamentalismo é utilizado para todos os
grupos extremistas (que levam ao exagero) em todas as religiões; a popularidade
do termo advém de sua generalidade, o que reduz a complexidade de uma
determinada religião ou cultura, reunindo grupos diferentes em seu interior sob
a mesma denominação. Ele manifesta-se em movimentos empenhados na criação de
sociedades regidas pelo Alcorão (livro sagrado do islamismo) e contrárias aos
modelos políticos e filosóficos ocidentais (como a separação entre Estado e
religião ou a separação entre a democracia e o individualismo, o que chamamos
Estado Laico). O fundamentalismo propagou-se entre os muçulmanos especialmente
após a Revolução Islâmica no Irã, que instalou no país um Estado teocrático,
conduzido pelo líder xiita Ruhollah Khomeini. Também se destacam a atuação, no
Egito, do grupo extremista Gammaat-i-Islami, responsável por atentados
terroristas, em especial contra turistas estrangeiros em visita ao país; a
Frente Islâmica de Salvação (FIS), na Argélia, que pretende reorganizar o país
segundo as leis do Alcorão; a milícia (força militar de um país, tropa) xiita
libanesa Hezbollah, diretamente envolvida no combate a tropas israelenses
instaladas no sul do Líbano; o Hamas, nos territórios ocupados por Israel,
contrário ao acordo de paz entre palestinos e israelenses; e a milícia Taliban,
que luta, no Afeganistão, pela implantação de um estado islâmico “puro”.
Judaísmo
O judaísmo é a mais antiga das
religiões monoteístas e a que apresenta o menor número de fiéis pelo mundo.
Entre os cerca de 13 milhões de judeus existentes no mundo, atualmente as
maiores comunidades judaicas se concentram na Europa (a maior delas encontra-se
na França), em Israel e nos Estados Unidos.
Um dos
aspectos essenciais do judaísmo é não ser uma religião missionária (pregação,
missão). Aqueles que se convertem devem observar os preceitos da lei judaica (a
Torá), interpretada como a orientação de Deus por meio das escrituras. A Tora,
ou a Bíblia hebraica, é chamada pelos cristãos de Velho Testamento, reunindo
principalmente os cinco primeiros livros da Bíblia, cuja autoria é atribuída a
Moisés, o chamado Pentateuco. Em cada sinagoga, ao menos uma cópia da Torá em
hebraico é conservada sob a forma de pergaminho. Comentários sobre a Tora,
aplicando-as a situações contemporâneas (atuais) e circunstâncias variadas são
encontrados no Talmud, um compêndio (livro de textos para escola, um resumo da
doutrina) da lei.
Os judeus possuem uma forte ligação
com Israel (estado criado em 1948, situado em terra considerada prometida por
Deus a Abraão) e com a cidade de Jerusalém, considerada sagrada. O judaísmo
caracteriza-se por ser, fundamentalmente, uma religião da família e que se
propaga por intermédio dela. Os judeus se consideram parte de uma comunidade
global, com laços estreitos com outros judeus. Os judeus estão divididos de acordo
com suas práticas religiosas e origens étnicas, em dois grupos: os askenazi
(originário da Europa Central) e os sefarditas (com raízes na Espanha e no
Oriente Médio).
Hinduismo: O sistema de castas na Índia.
Cláudio Costa Pinheiro
Escola de Ciência Sociais e História
Fundação Getúlio Vargas/ RJ
Escola de Ciência Sociais e História
Fundação Getúlio Vargas/ RJ
As castas correspondem a uma forma de identificar
hierarquicamente os membros de uma sociedade a partir de grupos. Originalmente,
representavam ocupações e seus nomes designavam serviços – carpinteiros,
doceiros, lavadores etc. – que acabavam confirmando monopólios dessas castas
sobre as atividades.As castas são uma forma de identificar hierarquicamente os
membros de uma sociedade a partir de grupos.Mas elas não representam um sistema
de divisão de trabalho; pessoas de uma dada casta podem circular entre
ocupações distintas na economia. O sistema de castas é complexo, tem alto grau
de endogamia (É o costume social que prescreve o casamento entre
indíviduos do mesmo grupo social ou subgrupo ).
Em textos clássicos do hinduísmo, como os cânticos
do Rig Veda (2000-1000 a.C.) ou as leis de Manu (500 a.C.), já se encontram
alusões à existência de quatro varnas
que dividiam a sociedade: os brâmanes
(sacerdotes e intelectuais), os xátrias
(guerreiros, administradores e monarcas), os vaixás (comerciantes e agricultores) e os xudras (serviçais em geral). Alguns
desses textos clássicos representam códigos religiosos-legais que regulamentam
condutas sociais, profissionais, aspectos morais e éticos.
Os xudras
incluem várias castas de ‘intocáveis’. Ocupações que lidavam com a morte, na
preparação de enterros ou cremações, por exemplo, constituíram castas sobre as
quais uma série de tabus proibia o contato, inclusive físico. Os quatro varnas originais dividem-se em jatis, normalmente identificadas como
subcastas.
Não se devem confundir castas com classes sociais.
Embora uma casta possa ser socialmente discriminada, isso não implica que seus
membros sejam pobres. O inverso também é válido: membros de uma casta
prestigiada podem ser desprovidos de capital financeiro.
A constituição indiana de 1950 aboliu todas as
formas de discriminação, especialmente a ‘intocabilidade’. Isso inaugurou
políticas de discriminação positiva, chamadas ‘políticas de reserva’ (de
assentos no parlamento e nas câmaras estaduais, de empregos em cargos do
Estado, de vagas em universidades etc.).
O sistema de castas não tem mais valor legal na
Índia, mas ainda está presente na vida cotidiana do país. Mesmo que a
discriminação por casta esteja proibida, há várias formas de valorizar
privilégios de castas altas, como o favorecimento em empregos.
Nascer em uma casta ainda significa quase sempre
morrer nela. A Índia, porém, tem sido sacudida pela ascensão de vários
políticos de castas baixas, forçando a revisão dessa estrutura social tão
hierarquicamente imóvel.
Por fim, as castas não são exclusivas do hinduísmo – existem entre
muçulmanos, cristãos, sikhs e outras religiões na Índia. Além disso, são comuns
a várias sociedades asiáticas e africanas.
Budismo
O Budismo é uma das religiões mundiais principais
em termos de seguidores, distribuição geográfica e influência sócio-cultural.
Enquanto é grandemente considerado uma religião "Oriental", está se
tornando cada vez mais popular e de grande influência no mundo Ocidental
também. O budismo é uma religião bastante peculiar, pois é uma religião bastante
semelhante ao hinduísmo no fato de que ambos são chamados de religiões
"orientais", ambos acreditam em Carma (ética de causa e efeito), Maya
(natureza criativa e mágica da ilusão), Samsara (o ciclo de reencarnação),
entre outras coisas. Os budistas acreditam que o objetivo principal da vida é o
de alcançar a “iluminação”, como eles acham que ela existe.
O seu fundador foi Siddhartha Guatama. Ele nasceu à realeza na Índia mais ou menos 600 anos antes de Cristo. Como a história conta, ele viveu e cresceu de forma bastante luxuosa; chegou até mesmo a se casar e ter filhos com pouca exposição ao mundo externo. Seus pais queriam que ele fosse poupado da influência à religião ou da exposição à dor e sofrimento. No entanto, não demorou muito até que o seu abrigo fosse “invadido” e ele viu rapidamente um homem idoso, um homem doente e um cadáver. Sua quarta visão foi a de um monge sereno e asceta (um que nega qualquer tipo de luxo e conforto). Ao ver a sua serenidade, Buda decidiu se tornar um asceta também. Ele abandonou sua vida de riquezas e afluência para ir atrás da iluminação através da austeridade. Ele era muito talentoso nesse tipo de auto-mortificação e meditação intensa e era visto como um líder entre os seus companheiros. Eventualmente ele permitiu que seus esforços culminassem em um gesto final. Ele cedeu à sua “indulgência” e comeu uma tigela de arroz e sentou embaixo de uma figueira (também chamada de árvore Boddhi) para meditar até atingir a iluminação ou até morrer. Apesar de tantas angústias e tentações, ao nascer do dia seguinte, ele tinha finalmente alcançado a iluminação à qual tanto almejava. Por isso ele ficou conhecido como o ‘ser iluminado’ ou ‘Buda’. Ele então pegou tudo o que tinha aprendido e começou a ensinar seus monges companheiros, com os quais já tinha alcançado grande influência. Cinco de seus companheiros se tornaram os primeiros de seus discípulos.
O que Guatama descobriu? Iluminação encontra-se no "meio do caminho", não com indulgências luxuosas nem com auto-mortificação. Além disso, ele descobriu o que ficou conhecido como as ‘Quatro Verdades Nobres’ – (1) viver é sofrer (Dukha), (2) sofrimento é causado pelo desejo (Tanha, ou “apego”), (3) uma pessoa pode eliminar sofrimento ao eliminar todos os apegos e desejos, e (4) isso é alcançado ao seguir-se o caminho das oito vias nobres. Esse caminho consiste de obter o entendimento correto, o pensamento correto, a palavra correta, a ação correta, o modo correto de existência (ser um monge), o esforço correto (direcionar as energias corretamente), a atenção correta (meditação) e a concentração correta (foco). Os ensinamentos de Buda foram colecionados no Tripitaka, ou “três cestos de flores”. [Win Corduan, Neighboring Faiths (IVP, 1998): 220-224].
Além desses ensinamentos bastante distintos, encontramos ensinamentos comuns ao Hinduísmo, tais como a Reencarnação, Maya, e uma tendência de compreender a realidade como sendo Panteísta em sua natureza. O Budismo também pode ser difícil de se caracterizar quanto à sua opinião de Deus. Alguns ramos do Budismo podem ser legitimamente chamados de ateístas, enquanto outros podem ser chamados de panteístas, e outros podem até ser chamados de teístas, tais como o budismo da Terra Purra. O budismo clássico, no entanto, tende a ser silencioso sobre a realidade de um ser superior e é, portanto, considerado ateísta.
Hoje em dia o Budismo é bastante diversificado. Pode ser dividido em aproximadamente duas categorias: Theravada (pequeno veículo) e Mahayana (grande veículo). Theravada é a forma monástica que reserva a grande iluminação e nirvana aos monges, enquanto o Budismo Mahayana estende esse objetivo de alcançar a iluminação aos leigos também, quer dizer, aos que não são monges. Sob essas duas categorias, podemos encontrar vários ramos do Budismo, tais como Tendai, Vajrayana, Nichiren, Terra Santa, Zen, Ryobu, entre outros. Portanto, é importante que aqueles que não pertencem ao Budismo e que estão tentando compreender essa religião não presumam conhecer todos os detalhes de uma certa divisão do Budismo quando tudo que estudaram foi apenas o Budismo histórico clássico. (Corduan, 230).
É importante estar ciente de que o Buda nunca se considerou um deus ou um ser divino de qualquer forma. Ao contrário, ele se considerava uma pessoa que “mostrava o caminho” para outras pessoas. Apenas depois de sua morte ele foi exaltado a uma figura divina por alguns de seus seguidores, mas nem todos os seus seguidores o enxergaram assim.
O seu fundador foi Siddhartha Guatama. Ele nasceu à realeza na Índia mais ou menos 600 anos antes de Cristo. Como a história conta, ele viveu e cresceu de forma bastante luxuosa; chegou até mesmo a se casar e ter filhos com pouca exposição ao mundo externo. Seus pais queriam que ele fosse poupado da influência à religião ou da exposição à dor e sofrimento. No entanto, não demorou muito até que o seu abrigo fosse “invadido” e ele viu rapidamente um homem idoso, um homem doente e um cadáver. Sua quarta visão foi a de um monge sereno e asceta (um que nega qualquer tipo de luxo e conforto). Ao ver a sua serenidade, Buda decidiu se tornar um asceta também. Ele abandonou sua vida de riquezas e afluência para ir atrás da iluminação através da austeridade. Ele era muito talentoso nesse tipo de auto-mortificação e meditação intensa e era visto como um líder entre os seus companheiros. Eventualmente ele permitiu que seus esforços culminassem em um gesto final. Ele cedeu à sua “indulgência” e comeu uma tigela de arroz e sentou embaixo de uma figueira (também chamada de árvore Boddhi) para meditar até atingir a iluminação ou até morrer. Apesar de tantas angústias e tentações, ao nascer do dia seguinte, ele tinha finalmente alcançado a iluminação à qual tanto almejava. Por isso ele ficou conhecido como o ‘ser iluminado’ ou ‘Buda’. Ele então pegou tudo o que tinha aprendido e começou a ensinar seus monges companheiros, com os quais já tinha alcançado grande influência. Cinco de seus companheiros se tornaram os primeiros de seus discípulos.
O que Guatama descobriu? Iluminação encontra-se no "meio do caminho", não com indulgências luxuosas nem com auto-mortificação. Além disso, ele descobriu o que ficou conhecido como as ‘Quatro Verdades Nobres’ – (1) viver é sofrer (Dukha), (2) sofrimento é causado pelo desejo (Tanha, ou “apego”), (3) uma pessoa pode eliminar sofrimento ao eliminar todos os apegos e desejos, e (4) isso é alcançado ao seguir-se o caminho das oito vias nobres. Esse caminho consiste de obter o entendimento correto, o pensamento correto, a palavra correta, a ação correta, o modo correto de existência (ser um monge), o esforço correto (direcionar as energias corretamente), a atenção correta (meditação) e a concentração correta (foco). Os ensinamentos de Buda foram colecionados no Tripitaka, ou “três cestos de flores”. [Win Corduan, Neighboring Faiths (IVP, 1998): 220-224].
Além desses ensinamentos bastante distintos, encontramos ensinamentos comuns ao Hinduísmo, tais como a Reencarnação, Maya, e uma tendência de compreender a realidade como sendo Panteísta em sua natureza. O Budismo também pode ser difícil de se caracterizar quanto à sua opinião de Deus. Alguns ramos do Budismo podem ser legitimamente chamados de ateístas, enquanto outros podem ser chamados de panteístas, e outros podem até ser chamados de teístas, tais como o budismo da Terra Purra. O budismo clássico, no entanto, tende a ser silencioso sobre a realidade de um ser superior e é, portanto, considerado ateísta.
Hoje em dia o Budismo é bastante diversificado. Pode ser dividido em aproximadamente duas categorias: Theravada (pequeno veículo) e Mahayana (grande veículo). Theravada é a forma monástica que reserva a grande iluminação e nirvana aos monges, enquanto o Budismo Mahayana estende esse objetivo de alcançar a iluminação aos leigos também, quer dizer, aos que não são monges. Sob essas duas categorias, podemos encontrar vários ramos do Budismo, tais como Tendai, Vajrayana, Nichiren, Terra Santa, Zen, Ryobu, entre outros. Portanto, é importante que aqueles que não pertencem ao Budismo e que estão tentando compreender essa religião não presumam conhecer todos os detalhes de uma certa divisão do Budismo quando tudo que estudaram foi apenas o Budismo histórico clássico. (Corduan, 230).
É importante estar ciente de que o Buda nunca se considerou um deus ou um ser divino de qualquer forma. Ao contrário, ele se considerava uma pessoa que “mostrava o caminho” para outras pessoas. Apenas depois de sua morte ele foi exaltado a uma figura divina por alguns de seus seguidores, mas nem todos os seus seguidores o enxergaram assim.
. Quando Guatama morreu, o Budismo tinha se tornado
de grande influência na Índia; trezentos anos depois de sua morte, o Budismo
tinha se espalhado tanto, que tinha rodeado por grande parte da Ásia. As
escrituras e dizeres atribuídos a Buda foram escritos mais ou menos
quatrocentos anos depois de sua morte. Esse atraso no período entre sua morte e
a escrita ou comentário que continha sua mensagem abre as portas a vários
desafios que estudiosos podem argumentar sobre a autenticidade e confiabilidade
das escrituras budistas.
Buda viveu e morreu bem antes do tempo de Jesus. Suas viagens nunca o levaram a mais de duzentos quilômetros de distância de sua casa. Aparenta ser o caso que Buda não conhecia a Bíblia e sua mensagem. Ele, na verdade, nunca falou sobre Deus, ou Jesus; consequentemente, os budistas geralmente não mencionam Deus como os Cristãos o fazem. Em sua forma clássica, o Budismo não menciona nenhum Deus pessoal ou Ser Divino.
O pecado é compreendido como ignorância. E onde é entendido como alguma forma de “erro moral”, o contexto no qual “bem” e “mal” são compreendidos é amoral. O Carma é compreendido como sendo o equilíbrio da natureza e não é reforçado de uma forma pessoal. A natureza não é moral, portanto, o Carma não é um código moral, e o pecado não é, no fim das contas, moral. Por isso podemos dizer, de acordo com o pensamento budista, que nosso erro, no final das contas, não é moral já que é apenas um engano impessoal e não uma violação interpessoal. A consequência que surge desse tipo de compreensão é devastadora. Para o budista, o pecado é mais um engano do que uma transgressão contra a natureza do Deus onipotente. Esse entendimento do pecado não concorda com a consciência moral inata de que os homens são condenados por causa de seu pecado diante de um Deus Santo (Rom. 1-2).
A crença de que o pecado é um erro impessoal que pode ser consertado não vai de acordo com a doutrina da depravação total, a qual é uma básica doutrina do Cristianismo. A Bíblia nos diz que o pecado do homem é um problema de consequências eternas e infinitas. As opiniões budistas sobre o pecado nem se comparam. De acordo com o Budismo, não existe a necessidade de um Salvador para resgatar as pessoas de seus pecados condenadores. Para o Cristão, Jesus é a única forma de resgate da punição eterna de seus pecados pessoais e imputados. Para o budista, existe apenas uma forma de vida ética e apelos através de meditações a seres exaltados com a esperança de talvez alcançar iluminação ou Nirvana. Mas provavelmente certa pessoa terá que passar por várias reencarnações para pagar pela grande acumulação de débito relacionado ao carma. Para os verdadeiros seguidores do Budismo, essa religião é uma filosofia de moralidade e ética, encapsulada em uma vida de renúncia do próprio ego. Uma pessoa pode apelar a inúmeros Boddhisatvas ("Budas em formação") ou Budas (Gautama é visto mais tarde como um de muitos budas) (Ibid., 229). No fim das contas, a realidade é impessoal e não-relacional; portanto, não é amorosa. Deus não só é visto como ilusório, mas ao dissolver o pecado a um erro não moral e ao rejeitar toda realidade material como maya ("ilusão"), até mesmo nós “nos” perdemos. A personalidade em si se torna uma ilusão.
Quando perguntado como o mundo começou, quem/o que criou o universo, o Buda mantém-se em silêncio, pois no Budismo não há início nem fim. Existe, ao invés, um círculo sem fim de nascimento e morte. Alguém teria que se perguntar que tipo de Ser nos criou para morrer, passar por tanto sofrimento e dor, para então morrer tantas e tantas vezes? Pode causar alguém a contemplar: qual é o propósito e por que se importar?
O Budismo ensina que Nirvana é o estado mais elevado e mais puro de existir, alcançado apenas através de meios relativos ao indivíduo. O Nirvana desafia a explicação racional e ordenação lógica e, portanto, não pode ser ensinado, apenas percebido.
Buda viveu e morreu bem antes do tempo de Jesus. Suas viagens nunca o levaram a mais de duzentos quilômetros de distância de sua casa. Aparenta ser o caso que Buda não conhecia a Bíblia e sua mensagem. Ele, na verdade, nunca falou sobre Deus, ou Jesus; consequentemente, os budistas geralmente não mencionam Deus como os Cristãos o fazem. Em sua forma clássica, o Budismo não menciona nenhum Deus pessoal ou Ser Divino.
O pecado é compreendido como ignorância. E onde é entendido como alguma forma de “erro moral”, o contexto no qual “bem” e “mal” são compreendidos é amoral. O Carma é compreendido como sendo o equilíbrio da natureza e não é reforçado de uma forma pessoal. A natureza não é moral, portanto, o Carma não é um código moral, e o pecado não é, no fim das contas, moral. Por isso podemos dizer, de acordo com o pensamento budista, que nosso erro, no final das contas, não é moral já que é apenas um engano impessoal e não uma violação interpessoal. A consequência que surge desse tipo de compreensão é devastadora. Para o budista, o pecado é mais um engano do que uma transgressão contra a natureza do Deus onipotente. Esse entendimento do pecado não concorda com a consciência moral inata de que os homens são condenados por causa de seu pecado diante de um Deus Santo (Rom. 1-2).
A crença de que o pecado é um erro impessoal que pode ser consertado não vai de acordo com a doutrina da depravação total, a qual é uma básica doutrina do Cristianismo. A Bíblia nos diz que o pecado do homem é um problema de consequências eternas e infinitas. As opiniões budistas sobre o pecado nem se comparam. De acordo com o Budismo, não existe a necessidade de um Salvador para resgatar as pessoas de seus pecados condenadores. Para o Cristão, Jesus é a única forma de resgate da punição eterna de seus pecados pessoais e imputados. Para o budista, existe apenas uma forma de vida ética e apelos através de meditações a seres exaltados com a esperança de talvez alcançar iluminação ou Nirvana. Mas provavelmente certa pessoa terá que passar por várias reencarnações para pagar pela grande acumulação de débito relacionado ao carma. Para os verdadeiros seguidores do Budismo, essa religião é uma filosofia de moralidade e ética, encapsulada em uma vida de renúncia do próprio ego. Uma pessoa pode apelar a inúmeros Boddhisatvas ("Budas em formação") ou Budas (Gautama é visto mais tarde como um de muitos budas) (Ibid., 229). No fim das contas, a realidade é impessoal e não-relacional; portanto, não é amorosa. Deus não só é visto como ilusório, mas ao dissolver o pecado a um erro não moral e ao rejeitar toda realidade material como maya ("ilusão"), até mesmo nós “nos” perdemos. A personalidade em si se torna uma ilusão.
Quando perguntado como o mundo começou, quem/o que criou o universo, o Buda mantém-se em silêncio, pois no Budismo não há início nem fim. Existe, ao invés, um círculo sem fim de nascimento e morte. Alguém teria que se perguntar que tipo de Ser nos criou para morrer, passar por tanto sofrimento e dor, para então morrer tantas e tantas vezes? Pode causar alguém a contemplar: qual é o propósito e por que se importar?
O Budismo ensina que Nirvana é o estado mais elevado e mais puro de existir, alcançado apenas através de meios relativos ao indivíduo. O Nirvana desafia a explicação racional e ordenação lógica e, portanto, não pode ser ensinado, apenas percebido.
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